Os seres humanos têm se estudado sexualmente por milhares e milhares de anos. Porém, apesar de todo esse tempo gasto explorando nossa anatomias, tanto masculina quanto feminina, ainda há muitas características da nossa forma que, até muito recentemente, nos eram desconhecidas. A principal? O famoso clitóris. Mas quão “recentemente” estamos falando?
Que tal 2009? Sim. Prepare-se, leitor, é hora de você aprender um pouco mais sobre algumas importantes características da anatomia feminina. Imagine um clitóris em sua mente. Pronto? Agora, você acreditaria se eu lhe dissesse que aquilo que você está imaginando é apenas a ponta de algo bem maior? Ou seja, que o clitóris é realmente muito maior do que este conjunto sensível de terminações nervosas nos leva a crer?
Para entendermos um pouco melhor sobre isso, vamos mergulhar nas partes íntimas femininas. O nome científico para o local que contém as milhares de terminações nervosas, responsável pela sensação de prazer ao toque, se chama glande (o pênis possui uma estrutura homônima e homóloga). Esta pequena estrutura contém cerca de 8 mil fibras nervosas sensoriais, mais do que em qualquer outra parte do corpo humano e quase o dobro da quantidade encontrada na cabeça do pênis.
O fato é, porém, que a maior parte do clitóris é subterrânea, composta por dois corpos cavernosos, dois crus clítoris (crura) e o bulbo clitoridiano (anteriormente designada por vestíbulo bulbar). A glande é ligada ao corpo ou ao eixo do clitóris interno, o qual é constituído por dois corpos cavernosos. Quando eretos, os corpos cavernosos abrangem a vagina de ambos os lados, como se estivessem a envolvendo e dando-lhe um grande e caloroso abraço.
O corpo cavernoso também se estende ainda mais, bifurcando-se novamente para formar as duas crura. Estas duas pernas chegam a medir até nove centímetros, apontando para as coxas quando estão em repouso e viradas em direção à coluna quando eretas.
Surpreso? A maioria dos homens realmente sabe muito pouco sobre essa parte do corpo feminino, principalmente quem não costuma ter um contato constante com a região. No entanto, a notícia de que a grande maioria do clitóris é na realidade interna ainda provavelmente soa como uma surpresa para diversas mulheres.
As razões para a falta de conhecimento em torno da anatomia do clitóris são variadas. Porém, de acordo com um artigo publicado pela urologista australiana Helen O’Connell, há pelo menos dois fatores principais:
- As descrições de livros didáticos são incompletas ou incorretas. Muitas se limitam a descrever a porção relativamente pequena e externa do clitóris ou ilustram a anatomia interna feminina em uma única imagem, bidimensional. Esta visão planar, afirma O’Connell, não fornece informações suficientes para compreender verdadeiramente a sua estrutura;
- Ninguém conhecia a fundo a anatomia do clitóris excitado até o final da década de 1990, quando os pesquisadores finalmente usaram imagens de ressonância magnética para estudar a estrutura interna “ao vivo” (uma ferramenta que os cientistas haviam usado para examinar a anatomia sexual masculina lá na da década de 1970).
Apenas em 2009 os pesquisadores Odile Buisson e Pierre Foldés produziram a primeira ecografia tridimensional completa do clitóris estimulado. De acordo com a “Senhora M”, que escreve no blog oficial do Museu do Sexo de Nova York, Estados Unidos, eles fizeram este trabalho por três anos, sem qualquer financiamento adequado. “Graças a eles, podemos agora entender como o tecido erétil do clitóris enche e circunda a vagina – um avanço completo que explica como o que nós antes considerávamos ser um orgasmo vaginal é, na verdade, um orgasmo clitoriano interno”, escreve.
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